Viagem inaugural do NT André Rebouças e a indústria naval brasileira
Na quinta-feira, 14 de maio, ocorreu em Ipojuca (PE), mais especificamente no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), a cerimônia em homenagem à viagem inaugural do NT André Rebouças e ao batismo do NT Marcílio Dias. A cerimônia contou com a presença de figuras importantes do cenário político-econômico brasileiro, como a Presidente da Repúlica, Dilma Rousseff, o Presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, o Presidente da Transpetro, Claudio Campos, o Governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o Comandante da Marinha, Eduardo Bacellar LEAL FERREIRA, entre outros.
Os navios fazem parte do programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), o qual é responsável por renovar a frota da Transpetro. Criado em 2004, o Promef foi elaborado tendo como premissa a construção de navios no Brasil, com a garantia de estaleiros modernos e competitivos em nível internacional. A encomenda de 49 novos petroleiros e um investimento de R$ 11,2 bilhões representam uma guinada na indústria naval brasileira, estagnada desde a década de 1980.
Até então, nove desses navios já foram construídos:
No Estaleiro Maúa, os navios de produtos:
No Estaleiro Atlântico Sul (EAS), os navios suezmax:
*O décimo navio do projeto, Márcilio Dias, sexto Suezmax encomendado pela Petrobras ao EAS, provavelmente será entregue em agosto deste ano.
Convidados pela Transpetro e acompanhados pelo Comandante Menezes, cinco alunos do Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar tiveram a oportunidade de participar do evento e de conhecer o NT André Rebouças. Com certeza, foi uma experiência de grande valia ver de tão perto cada parte do navio e entender melhor o seu funcionamento. Agradecimentos ao Comandante do NT André Rebouças, Capitão-de-Longo-Curso Fábio, e à sua tripulação que nos recebeu tão bem. Esse tipo de iniciativa é de suma importância para os alunos, pois, além de trazer um aprendizado imenso, estimula-nos na nossa futura profissão.
Saiba mais sobre o NT André Rebouças
O navio André Rebouças homenageia André Pinto Rebouças . Esse engenheiro deu grandes contribuições para a construção do Brasil no século 19 e teve participação importante no movimento abolicionista. Implementou no país técnicas inovadoras de engenharia, incluindo o uso do concreto armado.
O navio André Rebouças – que tem o tamanho para poder passar pelo canal de Suez, por isso chamado Suezmax – tem capacidade para transportar 1 milhão de barris de petróleo, quase metade da produção diária brasileira.
Do Porto de Suape, dia 14 de maio, o petroleiro seguiu para abastecer em Salvador, estando hoje fundeado lá, depois ele vai seguir para a Bacia de Campos (RJ), onde fará a primeira operação de carregamento de óleo cru.
Ficha técnica dos navios suezmax |
|
Porte Bruto (TPB) | 157.700 toneladas |
Comprimento total | 274,20 metros |
Boca | 48,00 metros |
Calado | 17,00 metros |
Velocidade de projeto | 14,8 nós |
Autonomia | 20.000 milhas |
Motor Principal | MCP: 1 unidade, Doosan-MAN B&W modelo 6S70ME-C |
Motor Auxiliar | MCA: 3 unidades, Doosan-MAN B&W modelo 7L23/30H |
O consumo total de óleo combustível do tipo RMK-45, considerando a operação do MCP e de um MCA, | 69,0 toneladas por dia. |
Quem quiser acompanhar o NT André Rebouças pode acessar o link:
Entenda um pouco sobre a indústria naval brasileira e a importância do Promef
Como se sabe, nas décadas de 70 e 80, o Brasil era dotado de uma frota diversificada de navios de cabotagem e de longo curso e por empresas de construção naval e de reparos bem estruturadas e competitivas, com isso, o país foi o segundo maior construtor naval do mundo. Entretanto, na década de 90, a Marinha Mercante passou pela sua pior fase, grandes companhias brasileiras faliram e inúmeros estaleiros fecharam, o que refletiu no desemprego de muitos indivíduos e, até mesmo, nas Escolas de Formação de Oficiais, as quais estavam formando, juntas, no máximo, 30 pessoas.
No novo milênio, as crises econômicas reduziram, estimulando o governo a implementar uma série de ações no intuito de recuperar a capacidade estratégica do setor naval, pois os problemas oriundos da década anterior ocasionaram uma drástica redução no número de navios de bandeira brasileira, fato que levou o país a realizar mais afretamentos com empresas estrangeiras para suprir a sua necessidade de transporte, o que gerou um déficit na conta corrente do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior, tendo impacto direto na competitividade das mercadorias brasileiras para exportação. Percebe-se, portanto, o quão urgente era essa retomada da construção naval. O Promef surgiu, em 2004, com esse intuito.
Ele levou a reativação de diversos estaleiros, não só no sudeste, mas também nas regiões nordeste e sul, forçou a construção de novas e modernas embarcações de apoio marítimo e colaborou com a renovação da frota da Transpetro, maior armadora nacional, de modo que ela voltasse a atender as especificações do transporte internacional.
Os investimentos da Petrobras têm grande relevância na recuperação dessa indústria naval, o que deseja-se é que a atual crise pela a qual a empresa passa não afete tanto esse processo.
No evento citado nessa matéria, a Presidente da República afirmou:
“Chegamos aqui hoje porque rompemos uma realidade de estagnação da indústria naval brasileira. A reimplantação da indústria naval no Brasil fez com que incorporássemos tecnologia, melhorássemos a formação dos nossos trabalhadores e gerássemos emprego e renda. O que nós queremos é produzir no Brasil o que pode ser produzido no Brasil”.
Também presente ao evento, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendini, disse que a empresa brasileira é hoje referência mundial de tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas.
“Estamos batendo sucessivos recordes com a produção do pré-sal, que teve crescimento de 70% desde o início da exploração. Na última semana, chegamos a produção recorde de 800 mil barris por dia só no pré-sal. São números incríveis que atestam a eficiência da Petrobras”.
Diante do exposto, espera-se que eles estejam certos, e, como o próprio Bendine afirmou, que o Brasil saia mais forte e mais saudável da crise que o atinge hoje.