Naufrágio da Humanidade

O mar mediterrâneo sempre foi uma via de integração entre Europa, Ásia e África, essa zona privilegiada de contatos culturais sempre foi importante nas trocas comerciais e, consequentemente, no desenvolvimento econômico dos países locais. Para os marítimos, o mediterrâneo é de substancial importância, pois a atividade em questão desenvolveu-se às margens do referido curso aquático, e sobretudo, devido a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, os Portugueses empreenderam-se pelo Atlântico, estopim para o aprimoramento do ofício supracitado.

Na antiguidade, as águas representavam progresso, através dos oceanos fluía a vida; já hoje, nos deixam petrificados com cenas de crianças sendo subjugadas a morte nas praias turcas. A foto abaixo fora feita pela agência de notícias turca Dogan. O garoto sírio de três anos, Aylan, morreu ao lado do irmão Galip, de cinco anos, e da mãe Rihan, ao tentar migrar para Grécia juntamente com seu pai.

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Devido à instabilidade econômica e política, países como a Síria, a Eritreia e a Líbia encontram-se em constante estado de guerra, tal fato gera um movimento migratório para distante dos mencionados países. Além disso, destaca-se também as atrocidades cometidas pelo grupo Estado Islâmico (EI). Em busca de melhoria de vida, os emigrantes cruzam o mediterrâneo a caminho da Europa em botes e embarcações superlotadas, sem requisitos essenciais a segurança e salvatagem. Estima-se que 21 mil pessoas cruzaram os mares. No ano de 2015, contudo, devido as dificuldades na travessia, cerca de 2 mil delas vieram a óbito durante a viagem. O mar é impetuoso e por vezes algoz dos esperançosos, o poema Mar Absoluto, da poetisa Cecília Meireles, refere-se a imensidão de águas dessa forma:

 

O mar é só mar, desprovido de apegos,

matando-se e recuperando-se,

correndo como um touro azul por sua própria sombra,

e arremetendo com bravura contra ninguém,

e sendo depois a pura sombra de si mesmo,

por si mesmo vencido. É o seu grande exercício.

 

Está na pauta das discussões políticas internacionais: a diminuição das equipes de socorro por parte da Europa, bem como a implementação de leis anti-migração. A equipe do Jornal Canal 16 não entrará nesse mérito, restringir-nos-emos a ansiar que os organismos internacionais sejam prudentes no trato da vida humana e, sobretudo, que o lar sagrado dos marítimos não venha continuar a ser maculado com o sangue de inocentes.

Al. Otacílio Neto – Diretor do Jornal Canal 16 – Texto

 

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