Naufrágio da Humanidade
O mar mediterrâneo sempre foi uma via de integração entre Europa, Ásia e África, essa zona privilegiada de contatos culturais sempre foi importante nas trocas comerciais e, consequentemente, no desenvolvimento econômico dos países locais. Para os marítimos, o mediterrâneo é de substancial importância, pois a atividade em questão desenvolveu-se às margens do referido curso aquático, e sobretudo, devido a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, os Portugueses empreenderam-se pelo Atlântico, estopim para o aprimoramento do ofício supracitado.
Na antiguidade, as águas representavam progresso, através dos oceanos fluía a vida; já hoje, nos deixam petrificados com cenas de crianças
Devido à instabilidade econômica e política, países como a Síria, a Eritreia e a Líbia encontram-se em constante estado de guerra, tal fato gera um movimento migratório para distante dos mencionados países. Além disso, destaca-se também as atrocidades cometidas pelo grupo Estado Islâmico (EI). Em busca de melhoria de vida, os emigrantes cruzam o mediterrâneo a caminho da Europa em botes e embarcações superlotadas, sem requisitos essenciais a segurança e salvatagem. Estima-se que 21 mil pessoas cruzaram os mares. No ano de 2015, contudo, devido as dificuldades na travessia, cerca de 2 mil delas vieram a óbito durante a viagem. O mar é impetuoso e por vezes algoz dos esperançosos, o poema Mar Absoluto, da poetisa Cecília Meireles, refere-se a imensidão de águas dessa forma:
O mar é só mar, desprovido de apegos,
matando-se e recuperando-se,
correndo como um touro azul por sua própria sombra,
e arremetendo com bravura contra ninguém,
e sendo depois a pura sombra de si mesmo,
por si mesmo vencido. É o seu grande exercício.
Está na pauta das discussões políticas internacionais: a diminuição das equipes de socorro por parte da Europa, bem como a implementação de leis anti-migração. A equipe do Jornal Canal 16 não entrará nesse mérito, restringir-nos-emos a ansiar que os organismos internacionais sejam prudentes no trato da vida humana e, sobretudo, que o lar sagrado dos marítimos não venha continuar a ser maculado com o sangue de inocentes.