Entrevista com 2OM Erick Morais
Abaixo segue a entrevista concebida pelo 2OM Erick Morais. Tive a experiência de tê-lo como Veterano e afirmo com ciência que este é uma excelente pessoa, tenho certeza que suas respostas contribuirão muito para todos.
1) Em que ano entrou na EFOMM?
Entrei para as fileiras da EFOMM em 2007, último ano da “Era Mario Costa”.
2) Por que optou pelo curso de máquinas?
Optei por Máquinas respaldado mais por minha própria experiência do que por orientação da escola que, pelo menos na época, não foi muito boa. Como já possuia um curso na área preferi aperfeiçoar esse conhecimento optando por Máquinas a entrar numa área nova, se tivesse optado por Náutica. Aos que estiverem na dúvida posso dizer que é fascinante entender como equipamentos e sistemas gigantescos funcionam e descobrir erros de projeto de engenheiros.
3) Quais dificuldades encontrou na Escola?
Sem dúvida a falta de tempo para consolidar o conhecimento ministrado em sala de aula representou uma dificuldade. A diversidade da rotina ocupa e consome muito do tempo e das energias do aluno, principalmente com a formação militar. Desse modo, apesar de a grade curricular ser boa, o pouco tempo disponibilizado para cumprí-la com aproveitamento compromete substancialmente a aprendizagem. E quando digo com aproveitamento me refiro ao pós sala de aula, me refiro ao aluno com corpo e mente dispostos o suficiente para fixar conhecimentos que, por exemplo, em outras instituições são ministrados em 200 horas-aula, ao passo que na EFOMM praticamente o mesmo é lecionado em apenas 60, ou seja, as 140 horas-aula restantes ficam por conta do aluno e para isso ele precisa ter condições favoráveis.
4) Quais facilidades encontrou na Escola?
Em termos de facilidade acredito que encontrei a boa infraestrutura do CIABA que recentemente inclusive melhorou muito. Como passei a maior parte do meu tempo de estudante em escola pública, senti a diferença quando ingressei na EFOMM. Atualmente os alunos dispõem de instalações muito boas, não somente com salas de aula bem equipadas e alojamentos confortáveis que estão melhores inclusive que instalações de outras escolas militares de formação de oficiais, mas também nas áreas dedicadas ao esporte, com um bom ginásio e quadras cobertas inclusive de tênis e futebol society, além de piscina olímpica, academia para musculação, pista de atletismo e campo de futebol.
Acredito que com um bom incentivo o aluno pode aproveitar bem toda essa infraestrutura.
5) Como foi sua praticagem?
Minha praticagem foi muito boa apesar de cansativa, acumulei bastante conhecimento pois o navio em que pratiquei, um dos classe DP da TRANSPETRO, é extremamente operacional e com muitas manobras em pouco tempo consequentemente aprendi rápido.
6) Como foi a convivência com sua tripulação?
O convívio foi muito bom, embarquei com conterrâneos e até mesmo com contemporâneos de escola. Os mais antigos como o Chefe de Máquinas e o Comandante sempre dão aquela atenção especial pois estudaram na mesma escola e até mesmo com os mesmos professores e isso sempre gera um sentimento de unidade, eles vêem o praticante como a si próprios no passado, daí contam suas estórias e procuram ensinar tudo que sabem, instruindo para não errarmos como eles erraram no passado, quase aquela coisa de pai para filho. De uma maneira geral, toda a tripulação fica bastante empolgada quando o praticante demonstra interesse em ajudar e aprender e quando você tem a sorte de embarcar com pessoas tranquilas tudo fica mais fácil. Graças a DEUS tive essa sorte.
7) Por que optou pelo Offshore?
A princípio optei pelo offshore devido ao regime de embarque proporcionar um repouso maior que ainda não é realidade para a maioria das empresas de cabotagem e em segundo lugar, devido aos diversos e especializados tipos de embarcações e operações presentes no offshore, e isso tende a se acentuar ainda mais com o início da exploração do pré-sal.
8 ) Em que consiste o trabalho no Offshore?
O trabalho consiste num acúmulo de funções por conta da tripulação reduzida numa embarcação menor, o que resulta também num acúmulo maior de conhecimento técnico, mas sem que esses fatos representem uma carga de estresse maior pois o regime de embarque reduzido e o tamanho da embarcação e dos equipamentos compensam para se atingir um descanso adequado.
9) Onde é teoricamente mais fácil de se conseguir um bom emprego atualmente: Offshore ou Cabotagem?
Atualmente, em ambas as situações, é fácil conseguir um bom emprego graças ao bom quadro do mercado com excelente demanda especialmente por oficiais, entretanto as melhores empresas e os melhores salários sem dúvida estão no offshore, onde se exige um pouco mais de qualificação, seja de idioma ou de cursos para determinadas funções.
10) Deixe uma mensagem aos futuros colegas de profissão.
Desejo, aos ainda alunos, que mantenham-se firmes na escola e que superem com dignidade as adversidades impostas pela EFOMM. Que respeitem sempre a si próprios e aos demais alunos, principalmente os companheiros de turma, pois todos, modernos ou antigos, são o motivo de ser daquela escola. Entendam que todos tem direitos e deveres e que se cada um fizer a sua parte para a boa convivência, tolerando as diferenças e aceitando limites sempre com o objetivo de ajudarem-se, a vida na escola melhora bastante. Para os praticantes desejo uma boa praticagem, desejo que aproveitem e que se divirtam bastante em cada porto, mas que também se dediquem a aprender tudo que puderem, pois serão profissionais num mercado que em breve pode estar concorrido e devemos mostrar que nós brasileiros somos tão bons ou melhores que qualquer outro profissional de qualquer outra nacionalidade, devemos povoar nossa Marinha Mercante e ocupar o máximo de postos de trabalho com nossa gente em nossas águas, garantindo o que é nosso, pois toda a riqueza que move esse gigantesco aparato petrolífero pertence ao povo brasileiro.
Bons ventos a todos e toda a força à vante.
Oficial Al. Saulo.