Capitão Phillips e o drama a bordo do Maersk Alabama

                   7 de abril de 2009, dia em que a Marinha Mercante foi palco de um dos maiores dramas vivenciados até então, dia em que o navio Maersk Alabama sofreu um atentado pirata que culminou  em uma operação de resgate envolvendo soldados de elite da Marinha dos Estados Unidos. Em 2010, Philips lançou o livro A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALs, and Dangerous Days at Sea.

Maersk Alabama  

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Inicialmente chamado de Alva Maersk (1998–2004), o MV Maersk Alabama é um navio containeiro da  Maersk Line Limited, operado pela Waterman Steamship Corporation 

  1. Comprimento: 155 m
  2. Capacidade: 17,375 DWT, 1,092 TEU
  3. Calado: 8,40 m
  4. Lançamento: 1998
  5. Boca: 25 m
  6. Local de construção: Ilha Formos, República da China
  7. Propulsão: Motor a diesel
  8. Velocidade média: 18 nós

 

O Navio levava consigo 17,000 toneladas de carga para variados destinos, entre eles Quênia, Somália e Uganda. Partindo de Salaha, em Omã, na Península Arábica, o navio tinha como objetivo cruzar o mar de Marrocos até Mombassa no Quênia, tendo que passar pelo perigoso Golfo de Áden, norte da costa da Somália.    

Sob o comando de Richard Phillips,  53 anos, a embarcação encontrava-se guarnecida por 19 tripulantes e cruzava uma área de perigo iminente. 

“Eu sempre disse, em todas as viagens que fiz naquela região, que uma abordagem por piratas era só questão de tempo, mas aconteceria cedo ou tarde.”    

Richard Philips

Em 7 de abril de 2009, a United States Maritime Administration emitiu um aviso aos navegantes com recomendações para os navios que se encontravam no Golfo de Áden, ele continha instruções para navegar se numa distância de, pelo menos, 600 milhas (1,100 km) da costa da Somália 

Porém o Maersk Alabama foi abordado por quatro piratas Somali, com idades entre 17 e 19 anos, enquanto navegava numa distância de 240 milhas sudoeste do Porto Somaliano na cidade de Ely.

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De acordo com o tripulante, durante o primeiro ataque, quando os dois barcos piratas foram avistados, claramente indo em direção ao navio, Phillips estava no meio de um treino de incêndio com a tripulação. No filme, é um treino de segurança.

“Nós dissemos: “você quer que a gente pare o treino e ocupemos nossos postos?”, relembra o tripulante. “E ele diz: Ah não, não precisa. Nós ainda temos que fazer o treino com os botes salva-vidas.”

Após uma comunicação falsa com a Autoridade Marítima, umas das lanchas, por medo, desistiu e, rapidamente, mudou seu curso. Em seguida, o comandante realizou algumas manobras colocando a lancha inimiga em sua esteira, fazendo com que  o movimento de cabeceio da embarcação fosse intenso, e o motor danificasse com a quantidade de água que o atingiu, o que contribuiu para que a missão fosse abortada, mas não por muito tempo.

No dia seguinte, a lancha voltou a tentar invadir a embarcação, mangueiras de incêndio e ordens de leme tornaram-se ineficazes contra a ação dos piratas, os quais portavam consigo rifles automáticos AK-47 e conseguiram aproximação com o navio posicionando uma escada no lado de bombordo do costado.

Quando o alarme soou na manhã de quarta-feira, o Chefe de Maquinas Mike Perry levou consigo 14 membros da tripulação para uma sala segura, enquanto o resto da tripulação tentava conter o ataque através do uso de artifícios pirotécnicos.

 

Ao ser iniciado o ataque, Perry, inicialmente, tomou o controle do motor principal e do sistema de governo, tornando estes indisponíveis para manobra a partir da ponte de comando. Então, o chefe desligou todos os sistemas do navio, fazendo com que o navio “apagasse”.

Logo após o início da invasão, os piratas capturaram o Comandante e outros dois tripulantes, mas logo perceberam que não poderiam controlar a embarcação. 

Após conseguir dominar um dos piratas por meio de  força bruta, a tripulação tentou negociar com os outros piratas uma troca, o pirata que estava amarrado há 12 horas pelo Capitão Richard Phillips, porém os piratas não cumpriram com sua parte do trato e não liberaram o refém, fugindo com Phillips através de uma baleeira. 

 Operação de Resgate

No dia 8 de abril, sob o comando do militar Francis Xavier “Frank” Castellano,  o destroyer da classe Arleigh Burke , pertencente a Marinha de Guerra dos Estados Unidos, USS  Bainbrigde, juntamente com a Fragata USS Halyburton, foi acionado para iniciar a operação de resgate do navio e seus tripulantes.  

Após horas de negociações feitas entre as lanchas do navio e a baleeira, a Marinha, com a ajuda de um tradutor (Omar Berdouni), convenceu Abduwali a embarcar no contratorpedeiro, onde os anciãos de sua tribo logo estariam para conversar com ele, o líder dos piratas, então, decide ir a bordo do USS Bainbridge. Lá, ele submeteu-se à assistência médica e, em seguida, foi detido, enquanto a baleeira era rebocada em direção ao Navio.

A bordo do destroyer, a elite da marinha americana, U.S Navy Seals, encontrava-se a postos para finalizar a operação e, por fim, resgatar a vítima. Com três tiros precisos, o capitão foi resgatado do pesadelo que perdurou quatro dias.

 

O líder do atentado, Abdiwali Abdiqadir Muse, 18 anos, foi  condenado a 34 anos de prisão, nos EUA, por pirataria na  Somália. 

 Por trás do estrelismo

Após o ocorrido, em 2010, Richard Phillips publicou seu livro “A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALs, and Dangerous Days at Sea”. Muitos tripulantes vão de encontro a alguns fatos relatados no livro e no filme “Capitão Phillips”, afirmando que o mesmo busca promover o estrelismo do capitão frente ao terror sofrido por todos.

Tal fato é que, em um artigo publicado no jornal New York Post, um dos comandados de Phillips chega a culpar o próprio capitão pelo ataque. Segundo Deborah Waters, advogada de 11 membros da embarcação que processam as linhas Maersk por não oferecer segurança suficiente às pessoas a bordo, “a tripulação implorou a Phillips para não passar tão próximo à costa da Somália, e ele disse que não teria medo de piratas ou mudaria seu curso por causa deles”.

 

“É a minha história, é o meu ponto de vista, e eu acho que ninguém mais poderia falar sobre o que aconteceu a não ser eu. Claro que as pessoas no Alabama podem contar sua versão, assim como os somali, os fuzileiros… mas o livro e, agora, o filme, são a minha visão, em primeira pessoa. Não consigo ver como alguém poderia ser mais preciso do que eu”. 

Richard Philips

“Phillips não era o grande líder que ele é no filme”, afirma um tripulante que, por razões legais, conversou anonimamente com o The Post. Ele trabalhou muito próximo de Phillips no [navio] Maersk Alabama e ficou alarmado pelo comportamento do capitão desde o início. Phillips, segundo ele, tinha uma má reputação de pelo menos 12 anos, sendo conhecido como um capitão ranzinza e difícil de lidar. “Ninguém quer navegar com ele”, afirmou [o tripulante].”

Diversos pontos de vista são demonstrados em torno da situação. A tripulação externou sua forma de ver o ocorrido, bem diferente da história eternizada pelo livro e filme, que vendeu 602.520 ingressos somente no Brasil, sobre o caso que ganhou repercussão mundial acerca da pirataria. Os atos de pirataria trazem muita discussão e polêmicas à tona. Mas afinal, esse tipo de ataque poderia ser evitado? Algum tripulante ou comandante pode ser responsabilizado por uma situação de pirataria? Quem julga e pune os piratas? Como nós, que trabalhamos embarcados, podemos nos prevenir e evitar situações dessa natureza?

As perguntas acima são temas para uma outra matéria. Fique ligado no Jornal Canal 16, em breve, teremos uma matéria abrangendo tudo sobre a pirataria e os principais questionamentos do assunto.

Equipe da postagem:

Al. Alexandre Cabral – Texto

Imediata Al. Gabriela – Revisão ortográfica

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