Entrevista com 2ON Junior Magalhães.
Abaixo segue a entrevista concebida pelo 2 ON Junior Magalhães, um excelente profissional que, como pessoa, conheci em minha infância e afirmo que contribuirá de forma significativa com todos nós. Esta entrevista foi realmente excepcional, perceberão que suas respostas vão muito além de somente sanar simples dúvidas.
1) Em que ano entrou na EFOMM?
Entrei na EFOMM/CIABA em 2006.
2) Por que optou pelo curso de náutica?
Foi meio engraçado meu destino se cruzar com o curso de náutica, sempre gostei muito de física e matematica, e também sempre achei muito interessante descobrir e entender os princípios e detalhes de funcionamento de algum projeto mecânico,no entando meu destino nao foi o que esperei, sempre tive uma leve perda auditiva no ouvido direito, nos exames de pré-admissão obtive reprovação da banca médica para cursar máquinas, e me disseram que eu tinha condições de cursar náutica desde que eu os assegurasse que minha escolha seria náutica por questões políticas da marinha, visto que náutica ao ver deles não era um curso que seria tao ameaçador para regressão de minha situação auditiva, num instante esqueci toda aquela vontade e admiração por máquinas, pois minha adaptação por sobreviver no mundo EFOMM só seria coligado ao curso de náutica, só tive uma opção e aprendi a gostar do curso com o passar do tempo.
3) Como foi sua passagem pela Escola?
Minha passagem pela escola foi muito tranquila, uma experiência sem igual, a gente aprende a fazer tudo por nós la dentro, nossa cabeça amadurece demais já nas primeiras semanas; nunca fui de arrumar a cama e passar minhas roupas, de me levantar pra cumprimentar pessoas, o militarismo foi uma experiência muito boa e me fez ver as coisas de outra forma, lógico que o regime militar seria sempre ideal sem abuso, que seja sempre cobrado de forma justa. No quesito estudo e amigos, tenho a dizer que se deve aproveitar cada minuto, da escola fiz melhores amigos, grandes professores, pessoas inesquecíveis.
4) Como foi a praticagem na sua época?
Minha praticagem foi feita em 2009, com grandes amigos, afinal tínhamos curiosidade assaz para desafiarmos esse período longo a bordo, e nao seria mais adequado do que fazê-lo com grandes amigos de escola, para um sempre apoiar o outro, ensinar, etc. Descobri um novo Brasil, novas culturas, belas praias, e também pude por em prática o que aprendi na escola com o máximo de dedicação possível. Passei minha praticagem toda na Transpetro, passei cinco meses a bordo, um e meio em casa, 5 a bordo novamente, um mês e meio em casa e o restante a bordo para fechar 1 ano embarcado, isso foi o suficiente para eu descobrir que o regime embarcado para mim seria ideal de um mês a bordo e um mes em casa, ou menor. A qualidade de vida nos navios que fazem cabotagem é muito boa, porém o unico impasse seria o tempo a bordo que a concorrência oferecia de forma melhor.
5) Como é o trabalho de 2ON?
O trabalho de 2ON varia às vezes, no geral é a mesma coisa, toda aquela especificação do STCW, mais atribuições de bordo de acordo com a política da empresa e do comandante, ao terminar minha praticagem entrei no mundo do apoio offshore, e nele já temos função de 1on/2on, despacho do barco, plano de viagem, segurança e salvatagem, estação rádio, etc. são 12 horas de serviço por dia, sendo que estou em um AHTS, 2ON nesse tipo de embarcação se trabalha muito com os guinchos da embarcação (5 guinchos, por exemplo), você lida com altas tensões, tendo que monitorar câmeras, contadores digitais, temperaturas, pressões, etc. Já que se trata de mauseio de ancoras(torpedos, stevpris, etc.), rebocar plataformas.
6) Quais vantagens enxerga no offshore e na cabotagem?
O regime de embarque, e a remuneração, hoje a faixa de salário de um oficial em ahts jah subiu para 13 mil bruto, numa empresa recém chegada nessa area de manuseio, a Petrobras, já fechou contrato e estao vindo mais barcos posteriormente.
7) Conte-nos o que tem achado melhor na profissão de Mercante, além do bom salário?
Além do boníssimo salário, temos o intercâmbio cultural vasto, trabalho com noruegueses, ingleses, suecos, norte-americanos, australianos, etc. Profissionalmente é algo que me adaptei bem, as tarefas,o modo como tudo é feito em função do mercado, a tecnologia acompanha as necessidades do cliente, a gente ve empresas criando artefatos para cada vez mais atendermos o cliente de forma rápida e segura, falo em função da embarcação que estou, tecnologia pura, tudo em função da qualidade do nosso trabalho e atendimento ao cliente.
8 ) Quais cursos extra julga necessário para um piloto pós EFOMM?
Depende do foco de cada um, para quem quer adentrar o offshore, é muito interessante ter o curso de dp basico, cuidados médicos, curso de acústica(sistema HIPAP) , etc. pois dependendo da embarcação ele irá lidar diariamente com esses itens.
9) Recentemente você fez um curso de Posicionamento Dinâmico (DP) na Noruega pago pela sua empresa, nos conte como foi essa experiência ?
Foi uma experiência sem igual, a empresa está acreditando no potencial dos funcionários, e nao têm como mantê-los na empresa sem que ela nos faça acreditar que ela se preocupa conosco, porque salário, uma ou outra oferecem mais, mas conquistar o psicológico do funcionário está sendo a melhor saída para mantê-los na empresa.
10) Qual mensagem deixa para os alunos?
Bom, deixo a mensagem de que, estão todos na área certa, nunca vi tanto futuro positivo focado na nossa área, estão vindo muitas plataformas, muitos barcos especiais, muitos barcos de manuseio, etc. Nunca vi tanto futuro numa área quanto esta da Marinha Mercante. Eu recomendo que todos procurem se qualificar o maximo possivel na escola e na praticagem , para quando chegar no momento de assumir a função terem somente duvidas quanto ao tipo específico de operação, pois no Brasil ainda nao se tem uma estrutura de simuladores para nos qualificarmos para certos tipos de operação no offshore.
A Equipe Canal 16 agradece a entrevista.
Oficial Al. Saulo