Uma questão de referência – Com carinho, Carolina
Por fim chegou a minha rendição! Estava contando os dias para desembarcar e fiquei extremamente agradecido por ter sido em uma manhã ensolarada! Após a atracação do navio, seguida da minha despedida, passei em casa para deixar minhas coisas e, por incrível que pareça, rumei para praia!
Antes mesmo de começarem a me julgar, saibam que existe uma diferença gritante entre olhar o oceano estando de dentro de uma embarcação e olhá-lo, estando de fora. Cogitaria até dizer que poderia se tratar de águas distintas. E quem sabe realmente fossem…
Caminhando ao longo do litoral de Maceió, mais detalhadamente nas proximidades de Ponta Verde, praia de muito bom grado por sinal, resolvi me deitar na areia. Naquele momento, simplesmente ignorei os futuros inconvenientes que ela me traria ao grudar em meu corpo e em minha roupa. A única coisa que importava era estar em terra firme.
Em épocas passadas, costumava frequentar bastante esta região com certos amigos. Éramos três e tínhamos o hábito de, aos domingos, sair para assistir aos fins de tarde. Durante esses encontros, também aproveitávamos para jogar conversa fora, porque, apesar de morarmos no mesmo apartamento, poucos eram os instantes os quais parávamos para desfrutar da companhia um do outro.
Que saudade.
Que falta fazem essas pessoas donas de presenças acolhedoras e que são capazes de nos deixar confortáveis para conversar qualquer tipo de palavra, qualquer tipo de mentira. Tais pessoas, a meu ver, são as mesmas que, durante a fala, conseguem nos retomar de onde paramos em vez de nos perderem, a cada instante, com um simples desvio de olhar.
Estar embarcado nos acende alguns pensamentos e não importa se foram dias, semanas ou meses passados a bordo. No começo, é estonteante! Tudo é novo, tudo é diferente, há um oceano de coisas para serem conhecidas e aprendidas. Com o passar do tempo… Enfim, não vou me prender a isto tendo em vista que, com o passar do tempo, cada um vai ter sua própria experiência e vai descobrir com o que passar o tempo.
O ponto em questão é que adoraria ter tido um indicador que me deixasse ciente de quando estivesse vivendo os “bons tempos que não voltam mais” e a “época boa em que era feliz e não sabia”. Entretanto, quem sabe a graça não estivesse justamente no fato de não voltarem mais, uma vez que já não vivia a mesma realidade, e no fato de, efetivamente, não reconhecer o significado da felicidade?
Honestamente, não sei. Mas o que posso afirmar é que bons tempos foram estes três últimos meses que passei embarcado com uma das tripulações mais acolhedoras a que já pertenci!